Relato de parto da Evelyn Cristina

Tainá e Evelyn
Meu trabalho de parto começou quando uma colega de trabalho me recomendou assistir ao filme “o renascimento do parto”. Até então, eu já era super a favor do parto normal, mas não fazia ideia dos benefícios e muito menos do conceito de parto humanizado, violência obstétrica nem nada do tipo. Depois desse filme, que fiz questão de assistir com meu marido (e não foi fácil convencê-lo não, ele disse que não gostava dessas coisas, rsrsrsrsrs) nos apaixonamos pelo assunto e decidimos que seria parto normal com anestesia só quando eu não aguentasse mais, pois eu me achava muito “fraca para dor”. Minha gestação foi excelente, pressão sempre na medida certa, saúde impecável, bebê gordinho, bastante líquido aminiótico… Estávamos muito confiantes do nosso parto normal em um hospital. Mesmo sabendo da dificuldade de parir em um hospital particular, optamos pelo Vera Cruz. Então vieram os desafios. Chegando próxima a DPP (Data Prevista do Parto), as pessoas do meu trabalho começaram a me pressionar. Esse bebê vai nascer aqui! Uma colega muito próxima me dizia: O bebê ainda não encaixou? Não vai nascer normal, faz cesarea logo… A famosa frase: “nossa, que coragem...” ou a pior: “fiz cesárea e foi ótimo, recomendo muito!” (eu queria morrer quando ouvia isso). Me sentia ótima para trabalhar, pegava ônibus todos os dias com meu enorme barrigão e brincava com minhas crianças (trabalho em uma creche), mas no feriado do dia 20 acabei cedendo e peguei licença (a dpp era exatamente dia 20/11). Foi a pior coisa que eu fiz, pois não gostava de ficar em casa, me sentia sozinha, entediada, ansiosa e comecei a comer demais. Mas decidi não ceder a mais ninguém e conseguir o esperado parto normal humanizado. A gestação começou a se prolongar, nos lugares que eu frequentava eu ouvia: Mas esse bebê não nasceu ainda? E começou todo aquele falatório sobre mecônio, sofrimento fetal, o bebê do primo da vizinha do meu tio nasceu com problema e blá blá blá… Como toda mãe preocupada, fui ver na internet o que era e me tranquilizei. O bebê da minha GO nasceu e fiquei relativamente solta (e isso foi bom, pois minha GO pretendia cesárea se passasse da DPP dela). Compartilhei minhas dificuldades em um grupo de parto humanizado e todos me recomendaram procurar uma doula, mas nas condições financeiras em que eu estava, esperava por alguma boa alma que se dispusesse a me ajudar, mas sem sucesso.. :( . Até que encontrei a Carol, que se dispôs a me ajudar, só não fisicamente por causa de suas filhas pequenas e a distância (moro em campinas). Primeiro ela me perguntou quais eram as pendências externas que pairavam pela minha mente naquele dia, e eu tinha contas pra pagar, compras pra fazer e minha avó estava muito preocupada com a minha gestação prolongada e de eu ficar em casa na fase latente. Então, uma a uma fomos eliminando essas pendências, consegui carona pra pagar as contas e meu marido chegou logo a noite para irmos para o supermercado. Resolvidas essas questões, eu precisava ficar livre para me conectar com minha filhota e meu parto, e curtir a coisa, desejar a dor e não jogar minha ansiedade e pressa encima da minha pequena. Eu precisava relaxar e deixar minha cria livre para decidir a hora dela. Não foi fácil, pois nesse momento até minha mãe, que sempre apoiou meu parto, começou a ficar apreensiva e queria que eu parisse logo, então a ansiedade era imensa, só Deus, a doula Carol e meu maridoulo foram meus pilares. Passei em vários obstetras, no PS do Vera Cruz e monitorava minha baby de 3 em 3 dias, e sempre compartilhando tudo via whatsapp com a Carol. Meu trabalho de parto ativo foi relativamente curto, fiquei na fase latente por cerca de 48 horas. Quando começaram as contrações suportáveis, porém não ritmadas, fui fazer o monitoramento como de costume e quiseram me internar, mas eu "fugi" do hospital. Era muito cedo pra eu ficar "mofando" lá e correr o risco de uma indução ou cesárea desnecessária (era o que a obstetra queria). Liguei para minha mãe e ela chorou! Eu nasci induzida e ela queria a indução, mas respeitava minha decisão apesar do sofrimento… Me cortou o coração… Sob orientações da Carol e com o conhecimento que eu tinha sobre auxiliar na ativação do trabalho de parto, fiz exercícios na praça atrás do hospital (foi muito engraçado aquela barrigudona com a mala da maternidade prontinha fazendo exercícios naqueles “parquinhos de idosos” e me senti um pouco mais livre, meu marido me ajudou muito nisso! Fui caminhar, andei de ônibus, fui até a sorveteria (escondido da minha avó, que não queria me deixar sair de casa com medo de o bebê “nascer na rua”), já rebolando por que as dores estavam aumentando, ri muito com meu marido, apesar do desconforto consegui namorar (fazia um tempo que eu não conseguia) e tomei banho quente! As 21h meu trabalho de parto ativou e eu não conseguia mais me comunicar com a Carol, então, meu marido ficou no whatsapp e me auxiliava com posições, relaxamento, respiração e banhos conforme a Carol ia informando. Aliás, ela nos enviou uma imagem com diversas fotos de posições que a mulher pode ficar em trabalho de parto, fomos fazendo as que me deixavam mais confortáveis (eu andava pela casa toda!). Às 2h da manhã  (dia 3 de Dezembro de 2014, com 41 semanas e 6 dias), eu já implorava pra ir para o hospital e então fomos! O caminho dentro do carro foi um pouquinho tenso, pois eu não conseguia andar, mas chegando lá as contrações ficaram mais suportáveis, já estava com 7cm de dilatação, meu marido me massageava as costas até que fomos para o quarto. Conseguimos uma bola de pilates e usei, só que nesse momento já não aliviava muito. O sinal do celular era fraco, então das 3h até as 7h a Carol nos ligava para saber como estávamos. Outro toque e eu me mantinha com 7 cm, já 5h da manhã! Mas o médico disse que a pele estava bem fininha, esticando um pouco ele conseguia chegar a 9 cm! No entanto minha baby não estava encaixada… Combinamos que eu ia tomar anestesia, ele ia estourar a bolsa para ver se a bebê encaixava e eu faria pelo menos meu parto normal (era minha esperança né)… Não deu certo, a Bebê não encaixou e eu que já estava na mesa de parto normal acabei “ganhando” uma cesárea... Meu marido ficou bem chateado, chorou porque essa não era a maneira como desejávamos que a Tainá viesse ao mundo... Eu estava tão cansada que na hora nem pensei, mas chorei quando vi que minha filhotinha, mesmo estando no bercinho do meu lado, eu não conseguia sequer tirá-la de lá… Mas continuo feliz porque sei que ela nasceu no dia que ela quis, talvez eu conseguisse normal ou não, mas ela nasceu super saudável, minha recuperação foi boa e tive meu marido ao meu lado em todo tempo!! Só tenho agradecer à querida Carol e também a Deus por essa experiência única!!

Evelyn Cristina, pedagoga, mãe aos 20 anos.

Adevanir, o "maridoulo"

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