segunda-feira, 20 de abril de 2015

A dança do nascimento: um encontro espiritual



Uma das situações mais preciosas que uma profissional do parto (parteira, obstetra, doula, enfermeira, acompanhante, etc.) pode presenciar, é a mulher em trabalho de parto conectada consigo mesma, movimentado o corpo, sem regras, sem "passos" ou direções determinadas, apenas escutando o que o corpo quer e agindo para aliviar a dor ou buscar o ritmo do nascimento do seu bebê.
É uma dança espontânea, contínua e redonda, nascendo de dentro pra fora, sem esperar pelo "aplauso final" que vem de fora, sem vergonha de ser o que é - mulher parindo - por dentro já se está satisfeita, aplaudida, desnuda, livre e protagonista do próprio palco.
O parto é a aprendizagem, é humildade, é a oportunidade de conhecer a si própria sem máscaras, sem roteiro, sem plateia. É sentir e, apenas, ir... dançando livremente, obedecendo apenas a alma, as emoções e as percepções que esse momento único proporciona.
Parir é uma oportunidade para a mulher encarar a si própria, viver a harmonia espiritual, é o desafio de apenas "ser" o que se é, é a descoberta de uma nova mulher, é o abandono do que se era antes (alguma situação, algum medo ou receio, comportamento, posição social, e até mesmo a condição de "filha" para ser "mãe", entre outras coisas), é a confiança na Criação divina que deseja que a mulher se abra para se transformar e evoluir. Por isso, é tão desafiante!
Portanto, o ato de parir é tão natural, assim como a natureza não é planejada humanamente, a dança do nascimento proporciona a sensação do improviso necessário e do desejo de nascer!
É uma experiência extraordinária. É a descoberta que se tem mais para dar, quando se ultrapassa os limites que acha que têm. É tão desafiante e grandioso, que é único e jamais será visto novamente ou vivido, no entanto, é o primeiro dos muitos "passos" que a mãe precisará dar após o nascimento do seu bebê. Pois, a permissão que se dá de livremente parir, sem o desejo pelo que é externo, sem a vaidade, renunciando os medos, as dores e qualquer outra carga carregada pela mulher que se era antes de parir, tornará os cuidados com o bebê, depois que nascer, muito mais fáceis e instintivo.
Se expandir para o que é da própria natureza, pelo que fomos criadas para ser e fazer é uma experiência de humildade para quem deseja ser mãe!
Na dança do nascimento o mérito está presente a cada progresso do parto, pois o esforço de trazer do inconsciente para o consciente todas essas etapas emocionais e espirituais e concretizá-las no plano físico, torna esse espetáculo grandioso. Não raras vezes, as mulheres depois de parir mencionam que tem uma espécie de lembrança de sensações que extravasaram o que conheciam sobre si, sobre o próprio corpo, como uma força incontrolável, comparável à um encontro espiritual.

.:: Toda mulher, inconscientemente, anseia por parir!

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